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Liberdades

Na sequência do artigo anterior sobre comunicação social, resolvi continuar a comentar esta matéria noutra vertente da maior emergência e actualidade.

A liberdade de expressão, como todas as liberdades deve ser inquestionável... bem desde que não ponha a liberdade do próximo em questão. Parece óbvio, mas infelizmente não é. Como todas as regras e práticas humanas  é imperfeita e sujeita a interpretações.

Sem me referir a este ou aquele caso, até porque não é meu objectivo envolver-me em polémicas irracionais e incendiadas por quem em muitos casos só pretende notoriedade a qualquer custo, vou tentar explanar a minha opinião.

Concordo com quem diz que mau gosto não é crime, concordo até que se exponham publicamente as fraquezas de cada um, as fraquezas das instituições e até as fraquezas da sociedade, com humor, sátira, ou a simples denúncia. Seja para as tentar melhorar ou até no limite apenas ganhar notoriedade.

Os limites para além do mau gosto e que configurem matéria criminal, esses sim estão estabelecidos na lei e não é a isso que me refiro.
Agora pergunto-me se a comunicação social deve ou não reger-se por regras deontológicas que tenham limites para o mau gosto mais exigentes. Este principio, não sendo consensual é pelo menos aceite pela generalidade das pessoas. Ainda assim tem vários problemas, como por exemplo:
- Quais os critérios;
- Quem estabelece esses limite e como;
- O que acontece a quem não os seguir.

Parece complicado... mas aqui volto ao artigo anterior onde apelava a que o jornalismo procurasse nos seus pergaminhos o que é ou não notícia.

Julgo ser um bom principio, pelo menos se não for noticia, não deve sequer ser alvo da comunicação social. Continuar a ignorar isto só descredibiliza o sector e os seus profissionais.

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