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Mostrando postagens de setembro, 2017

A originalidade

A originalidade é um conceito que fundamentalmente tem as suas raízes no século XVIII, nasceu com o movimento filosófico do Romantismo no mundo ocidental. A originalidade é a afirmação da individualidade interior, a necessidade de demonstração da diferença, a negação da uniformidade. O romantismo (como a originalidade), na sua génese é intuição, sentimento e individualismo. Nasceu em oposição ao classicismo e iluminismo que mudaram a Europa pós idade média. O romantismo trouxe também revivalismos da idade média e aos princípios da nobreza de pensamento e comportamento. Tentou reagir e resistir à industrialização, à urbanização. Continha em si várias contradições, gerou as mais variadas correntes de pensamento, muitas até diametralmente opostas. Acima de tudo libertou a criatividade humana das regras e modelos rígidos predominantes. Movimentos ideológicos e políticos como o liberalismo, radicalismo, conservadorismo e nacionalismo nasceram desta nova consciência individual que flo

A realidade

Realidade para mim, é um conjunto de observações que de alguma forma nos afectam a cada momento. A realidade de cada um evidentemente, porque desconfio fundamentalmente de uma realidade absoluta. Lembro ainda de uma discussão de adolescência, onde debatia com um amigo, mais preso aos problemas do dia-a-dia e que me criticava por não ser realista. Sempre lhe disse que realidade, cada um tinha a sua. Chamava-me tolo. Talvez seja, mas nunca me convenceu. Nos tempos em que as ideias de Newton pareciam descrever tudo o que nos rodeava, a ideia de uma realidade absoluta fazia todo o sentido e isso criou raízes profundas em termos sociais que ainda hoje perduram. Sabemos hoje que a nossa fraca capacidade de percepção do que nos rodeia, em dimensão, tempo ou espectro de frequência, faz-nos ver uma espécie de sombras na parede quase como na alegoria da caverna de Platão. Einstein, intuiu primeiro, demonstrou depois que nem tempo nem espaço eram absolutos e muito menos imutáveis. O

Julgar em causa própria

Imagine-se por ridículo, que um presidente de câmara, na ânsia de agradar aos seus munícipes, resolvia asfaltar as ruas num dia de jogo de futebol num estádio do mesmo conselho. Bom... poderia, proibir os carros de sair à rua nesse dia, mas e os milhares que mesmo assim, sairiam de bicicleta ou até a pé, dificultando durante aquele tempo a sua benemérita acção. Talvez proibir as pessoas de sair de casa. Parece de facto ridículo... o melhor era mesmo proibir o jogo. Assim além de ridículo é de eficácia muito duvidosa, ao lado existe uma grande superfície comercial e sem jogo as pessoas vão fazer fila a sua porta... lá se vai o propósito. Para a generalidade de nós, quero crer, tudo isto só serviria de anedota mas como é de conhecimento generalizado está mesmo a acontecer e há responsáveis governamentais que não se abstiveram de propor tamanha insensatez. Dir-me-ão que eleições não é o mesmo que asfaltar a estrada. Respoder-lhes-ei: o que tem o estado que interferir nas co

Presunção de culpa

Como se sabe, nos estados de direito ocidentais, há um principio de separação de poderes que isola os poderes executivo, legislativo e jurídico. Um quarto poder, não oficial e ainda mal regulado, nasceu com a comunicação social. Se nos três poderes de estado, as regras estão bem definidas e são relativamente bem respeitadas, a comunicação social, dada a sua vocação fundamentalmente privada, dispersa e sujeita ao mercado, tem mais dificuldade em ter uma intervenção tão balizada. Os dias, são de dificuldade e aperto para a comunicação social, que está com muitos problemas em se adaptar aos tempos de massificação da informação. Surgem até apelos de quem quer ver o estado intervir. Espero que o estado não ceda a essa tentação pois seria, por certo, o principio do fim da comunicação social independente. Entrando agora no tema fundamental deste artigo, alguma comunicação social, além de não ter grandes preocupações deontológicas, de ter esquecido o que são notícias, de sacrificar os p

Enfant terrible

Desde os tempos de Robin Hood que ficaram famosos vários heróis "contra sistema" que lutavam contra o poder e a opressão. Vários ficaram consagrados por ajudar a expor e a derrubar ditaduras tiranas e até por cá temos quem nos relembre desses tempos. O mundo ocidental evoluiu, as democracias pós 2ª guerra trouxeram estados de direito e alguma paz social. Ainda assim, o contra sistema teve espaço a combater dogmas e costumes socias, como a revolução cultural dos anos 60. Muitos também, perderam o seu tempo e nunca se adaptaram à modernidade optando por viver à margem da sociedade e das suas regras mesmo sem aparente razão.  Aliás, como retrata o sempre actual filme "Rebel without a cause". Posto isto, e entrando no tema do artigo de hoje, temos agora uma nova espécie de "enfant terrible", que se apoia em populismos em vez de causas, que finge ter ideias mas diz apenas lugares comuns, que aparece como contra sistema, mas só almeja ser dono desse mes

Os anónimos

Escrevo hoje na sequência do artigo "Os novos radicais" e da publicação inquérito que hoje foi conhecido sobre as opiniões do candidato a Loures. Muitos estarão surpreendido, até é esse o tom da generalidade das notícias sobre o tema, honestamente não me surpreende, bem pelo contrário, mostra bem o estado da sociedade actual e temo que muitos não o saibam interpretar e perceber. Vivemos num mundo (ocidental) onde o que dizemos tem muito mais importância do que fazemos. Na política isto toma proporções alarmantes e transmite um (mau) exemplo para todos, diariamente amplificado por alguma comunicação social. Focando-me na política, são inúmeros os casos de processos criminais das mais variadas práticas de utilização do poder público em proveito próprio ou de terceiros, isso parece pouco ou nada contar e temos pessoas destas a vencer repetidamente eleições. Os partidos de um extremo ao outro, quando têm poder defendem sempre para eles o que não permitem para os out

O jogo e as regras

Recentemente temos ouvido todo um conjunto de queixas e queixinhas um pouco sobre tudo, e nomeadamente pondo em causa a assertividade e até a seriedade das regras que regem o futebol. O período de transferências termina com a época a decorrer, isso tem de facto problemas, pondo em sobressalto equipas que perdem os seus melhores já em competição, curioso não se lembrarem que essas mesmas equipas o fazem a quem tem ainda menos capacidade de os segurar. Também permite testar os jogadores em competição e colocar os excedentários nesta altura. Favorece os mais poderosos? Talvez... na minha opinião favorece os jogadores que de outra forma poderiam ficar presos a contratos falhados durante meses sem jogar. Claro que seria utópico pensar que existe no futebol, muita gente de moral tão elevada, que não fizesse aos outros aquilo que não deseja para si próprio. Repare-se ainda que os jogos das selecções "calharam" nos últimos dias do período de transferências em alguns países da